Nova NR-10 (2026): O Que Esperar da Revisão Mais Importante da Segurança Elétrica no Brasil
A NR-10 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade permanece, desde 2004, como a principal norma de proteção aos trabalhadores expostos aos riscos elétricos no Brasil.
Após mais de duas décadas de transformações tecnológicas, industriais e regulatórias, a revisão da NR-10 aprovada pela CTPP e com expectativa de vigência a partir de 2026 representa uma mudança estrutural, e não apenas editorial.
Neste artigo, a EletroAlta Engenharia apresenta uma análise técnica objetiva sobre o que se espera do conteúdo da nova NR-10, com base:
- nas propostas discutidas em audiência pública,
- no alinhamento com a NR-01 (PGR),
- nas melhores práticas internacionais,
- e, principalmente, na experiência prática em plantas industriais reais.
Por que a revisão da NR-10 era inevitável?
A NR-10 vigente foi escrita em um contexto industrial completamente diferente do atual. Desde então, ocorreram mudanças relevantes como:
- digitalização e automação de sistemas elétricos;
- crescimento exponencial de fontes próprias de energia (fotovoltaica, geradores, UPS);
- aumento dos acidentes por arco elétrico, não contemplados de forma objetiva na versão original;
- integração obrigatória da gestão de riscos pelo PGR (NR-01);
- avanço das normas técnicas brasileiras e internacionais.
A revisão da NR-10 não nasce para “simplificar”, mas para corrigir lacunas históricas que geravam insegurança jurídica, técnica e operacional.

Integração definitiva da NR-10 ao PGR (NR-01)
Um dos pilares da nova NR-10 é a integração formal e obrigatória com o Programa de Gerenciamento de Riscos.
Na prática, isso significa que:
- não basta mais possuir documentos isolados;
- o risco elétrico passa a ser identificado, avaliado, classificado e tratado como qualquer outro risco ocupacional;
- medidas de controle devem seguir hierarquia técnica, com rastreabilidade.
A NR-10 deixa de ser apenas uma norma “elétrica” e passa a ser parte de um sistema de gestão de riscos.
Projeto elétrico e documentação deixam de ser opcionais
A revisão consolida algo que sempre foi ignorado por parte do mercado:
não existe segurança elétrica sem engenharia elétrica.
Espera-se que a nova NR-10 reforce de forma inequívoca:
- obrigatoriedade de projeto elétrico;
- diagramas unifilares atualizados (“as built”);
- memoriais descritivos;
- laudos de aterramento e equipotencialização;
- comissionamento e inspeções periódicas;
- responsabilidade técnica com ART.
Documentos genéricos, incompletos ou desatualizados tendem a ser caracterizados como não conformidade grave.
Arco elétrico: da teoria para a prática normativa
Um dos avanços mais aguardados da NR-10 2026 é o tratamento técnico do risco de arco elétrico.
A expectativa é que a nova redação:
- reconheça formalmente o arco elétrico como risco crítico;
- exija cálculo de energia incidente;
- defina limites de aproximação segura (LAS) com base técnica;
- vincule a especificação de vestimentas ao ATPV real da instalação, e não a classes genéricas.
Isso representa uma ruptura com a prática atual de “EPI por catálogo” e eleva o nível técnico das decisões de segurança.

Áreas classificadas e risco de explosão: mais rigor, menos interpretação
Outro ponto esperado é o endurecimento técnico para instalações em áreas classificadas ou com risco acentuado de incêndio e explosão.
A revisão tende a:
- tornar obrigatório o estudo de classificação e desclassificação de áreas;
- exigir conformidade formal dos equipamentos com sistemas de certificação;
- impor procedimentos específicos, ordens de serviço e autorização rigorosa dos trabalhadores.
A NR-10 passa a dialogar de forma mais clara com normas de atmosferas explosivas e segurança de processo.
Procedimentos, ordens de serviço e bloqueios (LOTO)
A nova NR-10 deve consolidar:
- obrigatoriedade de ordens de serviço para qualquer serviço elétrico, não apenas SEP;
- procedimentos de trabalho detalhados, passo a passo;
- bloqueio, travamento, etiquetagem e sinalização padronizados;
- rastreabilidade de autorizações e responsabilidades.
Na prática, empresas sem sistema estruturado de gestão da NR-10 enfrentarão sérias dificuldades de conformidade.
Treinamentos: mais critério, menos formalismo vazio
Embora a carga horária permaneça elevada, a expectativa é que a revisão:
- reforce a exigência de avaliação de aprendizado;
- reduza a subjetividade dos treinamentos meramente documentais;
- traga maior responsabilidade aos instrutores e às empresas.
A NR-10 2026 tende a valorizar competência real, e não apenas certificados.
O que muda para as empresas a partir da NR-10 2026?
De forma objetiva, a nova NR-10 exigirá:
- mais engenharia;
- mais gestão;
- mais rastreabilidade;
- menos improviso;
- menos “documento de gaveta”.
Empresas que já tratam a segurança elétrica de forma técnica estarão à frente.
As demais precisarão evoluir rapidamente ou enfrentar riscos operacionais, legais e humanos.
A visão da EletroAlta Engenharia
A EletroAlta atua há mais de três décadas em ambientes industriais complexos, participando ativamente da evolução da NR-10 desde antes da revisão de 2004.
Nossa leitura é clara:
a NR-10 2026 não será mais tolerante com improvisos, generalizações ou soluções superficiais.
Ela consolida a segurança elétrica como:
engenharia aplicada + gestão de riscos + operação disciplinada.
Empresas que entenderem isso não apenas atenderão à norma — operarão com mais segurança, confiabilidade e maturidade técnica.
Quer se preparar para a nova NR-10?
A EletroAlta pode apoiar sua empresa em:
- diagnóstico técnico de aderência à NR-10 atual e futura;
- revisão completa do PIE;
- elaboração ou atualização de projetos e diagramas;
- estudos de arco elétrico (ATPV);
- implantação de sistemas de gestão NR-10;
- preparação antecipada para a NR-10 2026.
A nova NR-10 não é surpresa. É evolução.
E quem se antecipa, lidera.